Wednesday, December 14, 2011

Sobre cores

Tem gente que vive num mundo de tons pastéis. Eu não. Meu universo é vibrante. Intenso. Em mim mora a reunião de cores fortes em uma palheta absurdamente viva.

Não tenho tempo para monotonia. Eu gosto é de cor.

Friday, October 28, 2011

Ganhei um beijo do ítalo

No meio do shopping. Um beijo lindo. Carinhoso. Espontâneo.

Conheci Ítalo na fila do McDonald's. Ao espiá-lo conversando com a irmã vi o quanto era especial. Tomei iniciativa. Puxei papo. E vi a timidez nos olhos do rapaz se afastar lentamente. Com a aprovação dos pais fiz perguntas sobre a vida e vi que não é a síndrome de down que faz o menino de 11 anos ser excepcional. O que o faz ser assim é a educação e o amor que recebe dos que estão ao redor.

Em uma conversa rápida Ítalo me contou da escola onde estuda e quando perguntei se ele tinha muitos amigos, ouvi: "Tenho colegas. Amigos são diferentes de colegas". Palavras de sabedoria. Meu pedido chegou, me despedi com um abraço gostoso, apertado, e fui para a mesa onde minhas irmãs me aguardavam. Pouco depois, com a família, Ítalo passou por mim, acenou e se foi.  Bastou eu voltar meu olhar para minhas irmãs que fui absolutamente surpreendida por um beijo vindo de trás. Um beijo cheio de carinho. Na mesma velocidade que Ítalo chegou, ele saiu. Correndo. Com um sorriso lindo, largo e uma expressão deliciosa de quem fez uma travessura e fugiu. Eu também sorri. Meu coração sorriu. E então chorei.

Foi o beijo de um menino de 11 anos que me deixou sem palavras, sem chão e impressionada em como segundos de gentileza podem fazer um dia mais feliz...  


Friday, October 21, 2011

Núbia foi encontrada

Núbia foi encontrada. Não do jeito que todos esperavam... O corpo da universitária foi identificado no IML pelas radiografias e os familiares reconheceram peças de roupas. Ainda não existem muitos detalhes da morte, mas fica aquela sensação de tristeza e de alívio. A gente nunca espera a morte, mas ver a que a história teve um desfecho é algo digno. Agora é acompanhar as investigações e torcer para que justiça seja feita. Mas sinceramente, o que eu queria era dar um abraço na dona Jutelma... Que Jesus cuide do coração de toda família.

Tuesday, October 4, 2011

Matéria: Os últimos passos de Núbia

Núbia falou com a mãe um dia antes. Disse que faria uma entrevista de emprego pela manhã. A tarde iria ao dentista e que ligaria para contar as novidades. A estudante nunca ligou de volta. Quatro dias depois a mãe relatou o desaparecimento da jovem a polícia.

Essa foi a história da matéria que fiz e que está neste link. http://www.alterosa.com.br/html/noticia_interna,id_sessao=7&id_noticia=62122/noticia_interna.shtml

Ao gravar essa entrevista com a dona Jutelma meu coração ficou apertado. Ver o olhar vazio para as coisas da filha. A esperança da jovem reaparecer. E o pouco conhecimento sobre a rotina de Núbia. A mãe sofre... Não tira os olhos da porta, não sai de perto do celular. O medo de receber uma má notícia... ao lado da fé de que tudo vai dar certo.

Quando me despedi, com um abraço apertado (e o coração mais ainda), ela me falou as seguintes palavras: "Você vai trazer minha menina de volta para casa?". Respirei fundo, olhei dentro dos olhos sofridos, e respondi que adoraria ver a Núbia aparecer por causa da matéria...

Na ausência de notícias esperamos. Enquanto oro para que o sonho de dona Jutelma se realize. Tomara.

Thursday, September 1, 2011

Querida Aline - resposta a um comentário

Uma pessoa que eu não conheço comentou aqui no blog. E como a resposta é longa, virou um post. Me fez lembrar de um tempo não tão bom da minha vida, mas que foi essencial para eu ser a Iana Coimbra de hoje.

Querida Aline,

Com 20 anos eu entrei numa fase estranha. Fazia faculdade de jornalismo, trabalhava em uma ONG que eu amava, recebia um salário bacana para a época, namorava, tinha grandes amigos e tinha um relacionamento bacana com Deus. Era tudo o que eu tinha planejado no final do ensino médio. Estava acontecendo!

Mas me lembro que de repente acordar ficou pesado. Sair da cama extremamente difícil. Trabalhar ficou automático. Ir para a aula um suplício. Não tinha motivos. Nada aparente. Mas a vida me doía. Queria dormir. Só dormir. Lembro de uma conversa com uma das minhas irmãs e eu disse a ela que apenas sobrevivia. No meio desse período eu tinha momentos bem alegres, mas a minha rotina era morta. Minha alegria virou apatia. Não tenho muitas recordações daqueles meses, porque no fundo eu virei um zumbi. A sensação era de que eu nunca chegaria a lugar nenhum. De que a adolescente que era uma promessa, sumiu.

Hoje a vida é outra. Mudei minha postura diante das coisas. E sem perceber o meu mundo acompanhou... Mudei de emprego. Dei um tempo no namoro. Desisti de ser um prodígio. Me impus leveza. E o que era pesado fui deixando para trás. Convicções que me prendiam, me escravizavam e eu nem sabia. Eu queria dominar o mundo. Aí decidi começar dominando a mim mesma. Tirei o peso de "ter que ser feliz", "ter que ter sucesso", "encontrar o amor da minha vida"... e todas essas coisas que quando temos vinte e poucos, ou vinte e tantos, nos escravizam. Escolhi a liberdade. Parei de escrever metas, alvos, ou qualquer coisa que pudesse me causar frustração. Entendi que eu era jovem e parei de tentar ser mais do que eu tinha condições de ser.

Nesse período turbulento eu amadureci. Na marra. Na pancada. Tem gente que quando passa por essas situações chuta o balde geral. Eu não podia. Não suportava a ideia de abandonar a faculdade... Lembro que minha mãe me disse que se eu quisesse podia parar de trabalhar que a gente dava um jeito, que eu tinha pai e mãe. Mas eu não me sentia no direito de pedir a eles que me bancassem. Não era justo. E segurei a onda (que para mim mais parecia um tsunami). Mudei meu relacionamento com Deus. Resolvi jogar limpo, ser franca, honesta. Entendi que ele não queria a "Iana Perfeita". Ele queria a Iana e ponto final. Do jeito que fosse. Desisti de brigar. Entreguei o caos e Ele deu conta do recado.

Anos depois li um livro que falava sobre a "Crise dos 25 anos" e entendi que eu vivi isso (e cá entre nós, revivi num surto enlouquecido há uns cinco anos, mas de outro jeito. História que pode ficar para um outro post). Esse mundo louco faz com que a gente queira sempre mais, quando às vezes precisamos é de menos.

Tirei a frase "para sempre" da minha vida. Por que ela escraviza. A substituí por "hoje". Por exemplo, eu não queria pensar que estava com o meu namorado "para sempre". Isso me dava pânico. Decidi que queria fazer aquele relacionamento funcionar "hoje". Desisti de lutar para ser a melhor executiva de marketing (área que eu trabalhava na época) de todos os tempos. Escolhi batalhar para ser a melhor profissional "hoje". Comecei a viver um dia de cada vez. Busquei descobrir o que me fazia feliz. Lutei para reencontrar minha espontaneidade. Reconstruí a minha vida com base nessas descobertas. E acho que deu certo. Nem sei se as pessoas imaginavam que em mim o mundo se despedaçava. Talvez algumas até se surpreendam com esse post, porque eu vivi essa loucura comigo mesma. Mas o tempo passou... eu cresci... minha perspectiva mudou... Me reencontrei.

Lembro que quando terminei meu namoro eu pensava que tinha desperdiçado todos aqueles anos. Com o tempo aprendi a pensar diferente. Os aproveitei bastante, mas de outra forma. Acompanhada. E aquelas experiências me fizeram chegar onde cheguei. Não se coloque esse fardo de ter namorado alguém muito tempo e não ter dado certo. É um peso difícil de carregar, que não levará a lugar nenhum e prejudicará a história que você vive hoje. Aceite o seu passado, não brigue com ele. Mas aprenda com o que se foi. E deixe ir.... E aos pouquinhos essa mochila pesada se vai...

Te desejo uma vida plena. Mas te aviso: precisamos desses vales para entender o que é estar nas alturas. Faz parte da construção da identidade do ser humano. O caos pode nos fazer pessoas melhores. E o abafamento das tribulações nos ensinam a voar com a leveza que uma hora virá.

Grande beijo,
Iana Coimbra

Wednesday, August 24, 2011

28

Dia 21 foi dia de fazer 28. 28, quase 30. A sensação? Leveza. Junto com felicidade, realização, contentamento, muita gratidão. E tudo misturado com amor pela vida, pelo meu marido, pelas nossas conquistas, pelos amigos, pela família, pelos dias vividos e pelos que virão.

Dia 21 foi também dia de fazer balanço e o saldo, tão positivo, me faz sorrir. Com amigas queridas revi as fotos dos meus 18 e é bom dizer que os anos me fizeram bem. Caminhei muito, mais do que supunha. Voei alto, com ajuda do Alto. E do alto dos meus "vinte e tantos" me sinto absurdamente feliz pelo mundo que construí. Um mundo bem bonito e cheio de cor. E se naquela festa 10 anos atrás alguém me contasse como seria minha vida hoje, juro que não acreditaria... É que é bom demais para ser verdade....

E ainda tem gente que não gosta de fazer aniversário...

Thursday, July 21, 2011

Ser repórter

Tenho me dedicado a trabalhar e contar histórias. Muitas. Cada uma de um jeito. Bonitas. Tristes. Revoltantes. Curiosas.


Primeiro ouço. Atentamente. Daí filtro o que é o mais importante. Já chorei no meio de entrevistas. Já dei gargalhadas. Já me coloquei no lugar das pessoas e também aprendi a me distanciar. Não tenho fórmulas. Cada dia é um dia. Cada história é uma história. E eu, sou uma Iana só. Tentando me reiventar.


Sempre volto para casa com muitos casos. De todos os jeitos. De barracos homéricos à tragédias difíceis de digerir. De denúncias de descaso público à problemas familiares. Lido com a educação e a falta dela diariamente. Com pessoas que nos olham com confiança e outras como se fôssemos ETs. E assim busco contar o que acontece mundo a fora. Tento transmitir o que observo de um jeito diferente. Me esforço para trazer a verdade, a emoção, o coração. Porque é disso que as pessoas são feitas.


Ser jornalista, especialmente ser repórter, é saber contar histórias. É buscar os dois lados da moeda, seja o caso que for. É encontrar a novidade no meio do óbvio e estar sempre em busca de algo mais. É ser um pouco idealista, ainda que isso canse, e ter a convicção de que uma matéria bem feita pode fazer diferença na sociedade. E como é bom quando isso realmente acontece.


Conto muitas histórias e elas ajudam a contar a minha também. Sinto falta do meu tempo, mas minha vida se torna mais rica a cada novo personagem que encontro. É quando respiro fundo, tento driblar o meu cansaço e corro para a próxima pauta e para a próxima história que terei o prazer de contar.

Wednesday, July 20, 2011

Sempre

Quando sinto que está faltando poesia na minha vida, me lembro do blog. Bem, deste quase finado blog. Porque todas as vezes que eu percebia o menor fragmento de desejo de escrever, eu corria para cá. Coisas pequenas, grandes, bonitas ou irrelevantes. Qualquer fragmento de inspiração.

Hoje senti saudades disso. Do tempo em que podia me debruçar diante do computador e me dedicar aos meus devaneios. Bem, ainda posso, mas a velha história da falta de tempo me pegou. Em cheio. Ao mesmo tempo a vida mudou tanto. Gosto de vir ao blog e ler a Iana que escreveu por aqui. Uma Iana bem diferente da de hoje, mas que construiu uma história bem bonita. É que a realidade pode nos fazer pessoas mais secas, mais frias... não que eu tenha virado "isso". Mas creio que o mundo que hoje vejo me fez preservar meu "calor" num lugar mais restrito. Se antes me abria, hoje quase me fecho. Se antes via poesia, hoje vejo fatos. Ganho por um lado, perco do outro.

Mas o que eu queria mesmo dizer, é que quero voltar a fazer o que sempre amei. Escrever. Pelo prazer de compartilhar minhas linhas e permitir que as pessoas as comentem. Sem pressão. Pela graça. Pelo prazer. Escrever para pensar, para me expandir. Acho que preciso voltar a crescer.

Thursday, March 24, 2011

Para minha querida companheira

Relacionamentos diários não são fáceis. Nem todos os dias são felizes. Nem sempre os humores coincidem. O ser humano pode ser cruel. Há quem curta a competição e acredite que os efeitos positivos são maiores que os nocivos. E assim a vida caminha. Num ritmo de momentos alegres e nem tão bons assim.


Na convivência é difícil usar máscaras. E as faces bonitas e feias de cada um ficam visíveis. Às vezes até demais. Confesso que já senti inveja. Que já senti raiva e frustração. Porque relacionamentos reais são assim. E felizes são as pessoas que sabem reconhecer. Feliz é quem não tem medo de ser gente. De assumir o lado feio que todo mundo tem, mas que é mais confortável fazer de conta que não existe. Feliz é quem se confronta e sabe que errou. Sábio é quem não tem medo de pedir perdão.


Uma vez ouvi que o importante é como termina. E hoje essa frase ecoou nos meus ouvidos. Quero terminar bem. Como quem sabe reconhecer que a parte boa é sempre e infinitamente maior. Talvez tenha faltado a coragem de ser mais verdadeira. De ser menos política e mais honesta. De calar a picuinha e ser grande. De ser mais generosa.


Bom saber que podemos crescer e mudar. E para isso basta escolher.


Querida companheira, te vejo partir com o mesmo orgulho de quem te viu chegar. Você completou uma bela jornada. Com seus altos e baixos alcançou a redenção. E como boa observadora contemplo o seu novo caminho. Na lembrança ficam a risada, as histórias. Muitas idas, muitas vindas e um carinho sem fim. Você tentou e cuidou do mundo, mas o relógio andou. Agora é a hora de construir e protagonizar a sua própria história. E creio que cenas lindas virão. Imagens vivas e cheias de cor. Sem tons pasteis, mas com cores bem vibrantes e repletas de vida.


É o que desejo de todo meu coração. See you later!