Wednesday, April 3, 2013

Primeiro de abril


O meu primeiro de abril terminou com várias verdades que eu preferia que fossem mentiras. Caos na saúde, epidemia de dengue, criminosos ateando fogo a ônibus e atirando para o alto como protesto pela morte de um traficante, homem morto ao lado do namorado com um tiro na cabeça por causa de dívidas.

Não queria que as coisas acontecessem e muito menos que eu tivesse que dar essas notícias. Às vezes me perguntam se eu não acho que tem violência e tragédia demais nos jornais. Concordo. Tem sim. Mas não porque temos prazer em exibir esse tipo de conteúdo, mas porque são histórias que precisam ser contadas. Denúncias que precisam ser feitas.

Quando vejo um jovem morto, caído ao chão, penso em como ele chegou até ali. Quais foram as escolhas decisivas, como a vida dele poderia ter sido se os caminhos fossem diferentes. Quando vejo uma UPA nova, sem médicos, abarrotada de pacientes penso onde foram parar os profissionais da saúde que fogem desse atendimento. Eu não vejo apenas fatos. Eu vejo histórias que precisam ser mostradas.

Adoraria só contar casos bons, felizes, mas enquanto este país continuar sendo um lugar que parece viver um eterno Primeiro de abril, fico com a realidade triste, dura, mas que precisa ser mudada por pessoas de verdade. Que se importam de verdade. Que amam de verdade. Brasileiros de verdade.

Ps: Quem quiser ver, as matérias estão aqui:
http://www.alterosa.com.br/html/noticia_interna,id_sessao=7&id_noticia=101335/noticia_interna.shtml
http://www.alterosa.com.br/html/noticia_interna,id_sessao=7&id_noticia=101347/noticia_interna.shtml
http://www.alterosa.com.br/html/noticia_interna,id_sessao=7&id_noticia=101350/noticia_interna.shtml

Monday, April 1, 2013

Um dia de cada vez

Uma das coisas que aprendi desde que me casei é abrir meu apartamento com alegria. E consequentemente o meu coração, o que para mim acaba sendo a mesma coisa. Me descobri uma dona de casa bem razoável, mas percebi em um mim um gosto enorme para receber. 

Nestes últimos anos me escancarei para pessoas novas e assim chegaram a mim queridos e queridas que considero dádivas. Mas confesso que também me decepcionei. Porque por mais que a gente diga que não, quem dá também espera receber de alguma forma. E nem sempre isso acontece. Muito menos na mesma medida. Na mesma dose.  

Recentemente fiquei chateada por não sentir reciprocidade de alguns amigos. Por isso falei com meu marido que mudaria a minha postura. Que me doaria menos. A resposta dele? “Impossível, Iana. Você é assim. Mude isso e você não será a mesma”. E é verdade... Quando gosto, quando me importo, quando amo, não meço esforços. Eu me dou. É inconsciente. É mais forte que eu. 

Esses dias ouvi uma música do Asaph Borba que diz ser possível dar sem amar, mas é impossível amar sem dar. E essa segunda frase me ajudou a me entender melhor. A me aceitar e a parar de brigar com algo que faz parte da minha essência. E fiquei pensando nas pessoas que já me amaram, se doaram por mim, e que eu sem perceber não correspondi na mesma intensidade. Ou do jeito esperado. E isso me fez pensar. 

Não podemos exigir nada de ninguém. É difícil controlar nossas expectativas e impossível controlar as reações das outras pessoas. Mas a gente decide como agir e reagir. Escolhi amar e continuar servindo do meu jeito, independente de qualquer coisa. Faço por mim. Porque isso me dá alegria, porque faz parte da minha essência, porque tenho prazer. Decidi tentar controlar meu coração para que as decepções não mudem o que sou. Não sei como fazer isso ainda, mas começo me esforçando para não me fechar. Não afastando as pessoas que me desapontaram e dizendo a mim mesma para manter o meu coração aberto. E é com esse pensamento que recomeço a postar aqui, convicta de que mudanças se consolidam um dia de cada vez. 

Monday, March 18, 2013

Hora de soprar....

... bem forte a poeira. Para longe.

Hoje me lembrei desse espaço e me deu saudades. Resolvi voltar a escrever. Hora de recomeçar.

Friday, April 13, 2012

Quando o luto acaba


Sei exatamente onde eu estava há um ano. Era uma quarta feira a tarde e eu aguardava na frente de um presídio a soltura de um jovem que tinha sido preso por engano. Como o procedimento é demorado comecei a checar o Twitter. Até que uma mensagem me tirou o chão: o Dinho tinha falecido num acidente de carro. 
Alexander Borges, conhecido como Dinho, era casado com uma amiga de infância, a Nanda. Eles tinham dois filham e formavam uma família linda. A Nanda sempre foi super divertida e o Dinho era um cara muito legal, daqueles de quem é fácil gostar. Ao confirmar pelo telefone a notícia, larguei o trabalho e fui correndo encontrar com meus amados amigos, que para mim são como uma família.
Essa é uma hora que você não tem muito o que fazer. Então simplesmente fiquei lá, abraçando, chorando junto, orando, ajudando a fazer lanche para os meninos, e até lavando a louça. Vendo a dor dos meus queridos eu só pensava: como vai ser agora? Como a Nanda e os meninos vão ficar?
O velório do Dinho foi um dos mais lindos e mais tristes que já fui. Triste porque nunca estamos prontos para lidar com a morte. Ainda mais quando se é jovem, cheio de vida, tem uma esposa e dois filhos para criar. Mas foi lindo porque a presença de Deus estava ali. Nunca fui a um funeral tão cheio. Cheio de tudo: de gente, de carinho, de amor, de saudade. Mesmo sem entender a Nanda adorou a Deus, agradeceu ao Senhor pelo tempo que teve com o marido e liberou o perdão ao caminhoneiro que o matou. Um atitude que muita gente não entende, mas que faz toda diferença na vida que segue.
Uns dias antes do enterro separamos algumas fotos da família, com todos juntos e felizes, para espalharmos pelo lugar do velório. Uma forma de lembrar os anos bonitos que o Dinho viveu com os amigos e a família. Retratos de uma vida feliz.
Naquele dia olhei para a Nanda, para o Nick e para Lu e tive a certeza de que eles dariam  conta do recado. Que eles dançariam sobre toda dor. Que um dia a gratidão seria maior que o luto.
E assim tem sido. Passado um ano a vida é bem diferente. A saudade que eles sentem não some, mas vemos a Nanda e os meninos lutando, sobrevivendo e reaprendendo o caminho da felicidade.
Há uns meses ela me ligou me perguntando se eu poderia fazer umas fotos dela para um projeto. Meu coração se aqueceu e propus com alegria uma sessão junto com os meninos. Retratos da nova família que tive o prazer de registrar. As fotos que seguem são desse dia. Fomos ao condomínio onde eles compraram um lote e planejavam construir uma casa para morar. Ali, onde a ausência ainda doía, celebramos a vida.
A morte tem o peso que damos a ela. A notícia de um falecimento sempre vai ser recebida de um jeito difícil, dolorido, carregada de tristeza. Só que com a ajuda do Alto o peso da dor se vai à medida que, de mansinho, a leveza das boas lembranças fica. E a paz que excede à todo entendimento substitui o buraco deixado por quem partiu.
Querida Nanda, que bom saber que o luto vai dizendo adeus. Que a sua vida e a dos meninos seja regada de alegria, sorrisos, dança e de belas recordações.
Amo muito vocês.








Thursday, January 12, 2012

Cristo x Religião

Amei esse vídeo e não podia deixar de compartilhar. É um poema que fala porque amo a Cristo e não a religião.  É bem o que eu penso.

Está todo em inglês, ok?



Monday, January 9, 2012

2011


Gosto de falar do ano que se foi. E também sobre o que espero dos dias que virão. 2011 foi um ano de muito trabalho. De dar duro. De consolidar decisões e solidificar caminhos. 2011 foi um de muito fazer. De muita ação e pouco descanso. Acho que nunca trabalhei tanto... E se o trabalho dignifica o homem, me despedi de 2011 com muita dignidade. Dei as boas vindas a 2012 de dentro do caminhão de transmissão ao vivo, narrando o belíssimo show de fogos da TV Alterosa/SBT Minas. 
Como não podia deixar de ser, o ano que passou também me trouxe mudanças. E foi bom mudar novamente. Já aprendi que monotonia não é para mim. E assim me abri para o novo (de novo) sem medo. Sem receio de errar.

Sigo com o aprendizado de 365 dias incríveis. Um ano que parece ter durado uns três! Tamanha intensidade... Tenho orgulho dos dias que escrevi... porque foram bonitos, honestos, éticos, sinceros. 2011 foi um ano de muita verdade. Me desafiei. Perdi para mim mesma e me encontrei depois. Confrontei meus erros diários. E de frente com o que não foi bom tive a chance de me redimir para mim mesma. Descobri que sou a minha maior carrasca. Em 2011 me perdoei e me dei novas chances. Vivi um ano concreto. Contando as histórias das pessoas, aprendi sobre mim. Me conheço mais. Me amo mais. Me respeito mais. 
Entro neste novo ano bem cansada. Minhas olheiras estão fundas... minhas costas às vezes doem... meus pés meio doloridos...  às vezes acho que estou perto da exaustão. Mas é um cansaço bom. É porque ele vem acompanhado do sentimento de realização. E com ele, muito riso. Sorrisos. Gargalhadas. 
2012 começou me parecendo uma extensão do ano que mal acabou, e já me trouxe presentes incríveis. Não sei como serão os meses que virão e nem quero revelações. Quero ir devagarzinho descobrindo aos poucos as 366 dádivas diárias. Espero um ano inteiro, cheio, redondo, com todas emoções que me aguardam. E que elas sejam verdadeiras, lindas, intensas e inesquecíveis.
Aos queridos que me lêem, feliz ano novo!  

Wednesday, December 14, 2011

Sobre cores

Tem gente que vive num mundo de tons pastéis. Eu não. Meu universo é vibrante. Intenso. Em mim mora a reunião de cores fortes em uma palheta absurdamente viva.

Não tenho tempo para monotonia. Eu gosto é de cor.

Friday, October 28, 2011

Ganhei um beijo do ítalo

No meio do shopping. Um beijo lindo. Carinhoso. Espontâneo.

Conheci Ítalo na fila do McDonald's. Ao espiá-lo conversando com a irmã vi o quanto era especial. Tomei iniciativa. Puxei papo. E vi a timidez nos olhos do rapaz se afastar lentamente. Com a aprovação dos pais fiz perguntas sobre a vida e vi que não é a síndrome de down que faz o menino de 11 anos ser excepcional. O que o faz ser assim é a educação e o amor que recebe dos que estão ao redor.

Em uma conversa rápida Ítalo me contou da escola onde estuda e quando perguntei se ele tinha muitos amigos, ouvi: "Tenho colegas. Amigos são diferentes de colegas". Palavras de sabedoria. Meu pedido chegou, me despedi com um abraço gostoso, apertado, e fui para a mesa onde minhas irmãs me aguardavam. Pouco depois, com a família, Ítalo passou por mim, acenou e se foi.  Bastou eu voltar meu olhar para minhas irmãs que fui absolutamente surpreendida por um beijo vindo de trás. Um beijo cheio de carinho. Na mesma velocidade que Ítalo chegou, ele saiu. Correndo. Com um sorriso lindo, largo e uma expressão deliciosa de quem fez uma travessura e fugiu. Eu também sorri. Meu coração sorriu. E então chorei.

Foi o beijo de um menino de 11 anos que me deixou sem palavras, sem chão e impressionada em como segundos de gentileza podem fazer um dia mais feliz...  


Friday, October 21, 2011

Núbia foi encontrada

Núbia foi encontrada. Não do jeito que todos esperavam... O corpo da universitária foi identificado no IML pelas radiografias e os familiares reconheceram peças de roupas. Ainda não existem muitos detalhes da morte, mas fica aquela sensação de tristeza e de alívio. A gente nunca espera a morte, mas ver a que a história teve um desfecho é algo digno. Agora é acompanhar as investigações e torcer para que justiça seja feita. Mas sinceramente, o que eu queria era dar um abraço na dona Jutelma... Que Jesus cuide do coração de toda família.

Tuesday, October 4, 2011

Matéria: Os últimos passos de Núbia

Núbia falou com a mãe um dia antes. Disse que faria uma entrevista de emprego pela manhã. A tarde iria ao dentista e que ligaria para contar as novidades. A estudante nunca ligou de volta. Quatro dias depois a mãe relatou o desaparecimento da jovem a polícia.

Essa foi a história da matéria que fiz e que está neste link. http://www.alterosa.com.br/html/noticia_interna,id_sessao=7&id_noticia=62122/noticia_interna.shtml

Ao gravar essa entrevista com a dona Jutelma meu coração ficou apertado. Ver o olhar vazio para as coisas da filha. A esperança da jovem reaparecer. E o pouco conhecimento sobre a rotina de Núbia. A mãe sofre... Não tira os olhos da porta, não sai de perto do celular. O medo de receber uma má notícia... ao lado da fé de que tudo vai dar certo.

Quando me despedi, com um abraço apertado (e o coração mais ainda), ela me falou as seguintes palavras: "Você vai trazer minha menina de volta para casa?". Respirei fundo, olhei dentro dos olhos sofridos, e respondi que adoraria ver a Núbia aparecer por causa da matéria...

Na ausência de notícias esperamos. Enquanto oro para que o sonho de dona Jutelma se realize. Tomara.