Tuesday, July 21, 2009

Sobre a tolerância

Há umas semanas a Época publicou uma matéria falando sobre a trégua que um líder muçulmano e um pastor cristão travaram em prol da paz na Nigéria. Um líder muçulmano e um pastor juntos? Sim. Sem falar que um foi o responsável pela morte da família do outro. E o outro pelo braço amputado de um.

Sinceramente não creio que isso seja ecumenismo e muito menos sincretismo. É tolerância. É respeito à vida. É amor ao próximo. Tolerar não significa mudar suas convicções, mas é não colocá-las acima da sua humanidade. Ao ler a matéria me lembrei do vídeo que compartilhei no post anterior. Você pode achar suas raízes superiores e querer seguir sozinho. Aliás, você pode usar a cultura como uma barreira intransponível. Mas há também a possibilidade de deixar o egocentrismo, o preconceito, de lado e buscar saídas juntos. O erro de uma pessoa (ou de uma sociedade) não desobriga a outra de buscar o certo. E não estou falando de religião.

No caso dos líderes que a matéria cita eu tenho certeza que a dor que um causou ao outro não passou. O braço do pastor não foi restituído. A família do líder islâmico também não. Mas ao decidir pelo perdão eles dão uma chance ao fim do círculo vicioso que o ódio alimenta.

Sim, sou utópica. Mas quem nunca sonhou com o fim dos conflitos étnicos que atire a primeira pedra.

“Não perdoar é como tomar veneno e esperar que o inimigo morra”
IMÃ MUHAMMAD ASHAFA, líder muçulmano da Nigéria

“Fomos programados para matar. Agora, precisamos nos reprogramar para a paz”
PASTOR JAMES WUYE, líder cristão da Nigéria


Ps: Sei que tenho falado muito aqui sobre se colocar no lugar do outro, mas sinceramente creio que esse é um assunto que não se esgota. E incentivar a reflexão sobre o respeito nunca é demais.
Ps2: Muito obrigada a Paula e ao Paulo Victor por encontrarem o link da matéria! :)

28 comments:

Jackson Aráujo said...

Interessante teu texto.

"Ps: Sei que tenho falado muito aqui sobre se colocar no lugar do outro, mas sinceramente creio que esse é um assunto que não se esgota. E incentivar a reflexão sobre o respeito nunca é demais. "

É realmnete é um assunto que não se esgota, e quanto mais se incentiva sobre se colocar e ver a situação do outro nunca é demais, já que muitas das vezes isso não é feito e falo isso por experiencia propria!

Abração!
Deus abençõe você

Feminina Mulher said...

Que pena ver tantas pessoas que se dizem cristãos mas não seguem os ensinamentos de Cristo. Jesus ama o pecador mas aborrece o pecado. Jesus enquanto esteve aqui não fez concessões em nome da paz e do bem comum. Pelo contrário, ele disse "Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada" Mt 10.34. Se lermos os evangelhos veremos que Jesus são era cool. Ele disse que seríamos odiados por todos. Ele disse que o caminho era estreito. Ele disse que seríamos entregue diante dos homens. Ele disse que seríamos perseguidos. Ele disse que não éramos do mundo. Que diferença, hein? Não soa bonitinho como o seu texto sobre a tolerancia.
Jesus veio trazer mais que uma religião, ele estabeleceu um modo de vida. Não dá pra separar minha vida "secular" da minha vida com Deus. Ele não nos quer pela metade, ele quer por inteiro. "¶ E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo."
Você pode até escrever direitinho, mas falta novo nascimento. Leia a Bíblia, principalmente os evangelhos e descubra o caminho que Deus tem para você. Use a sua vida para o louvor de Deus, e não para o louvor dos homens. Temos que ser sal e luz. Sal para influenciar e luz para mostrar a diferença em tudo. Pense nisso.

Feminina Mulher said...

Ah, como boa jornalista, acho que você vai publicar meu comentário, não é? Olha o respeito pelas diferenças...

Paulo Victor said...

Lindo o exemplo deles, Iana. Ao ler o post, corri pra encontrar a reportagem, e aqui está ela: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI81503-15228,00.html

Em casos assim, podemos perceber o quanto o caráter de Cristo transcende os nossos preconceitos e como Ele é maior que os nossos pensamentos.

Respeito é o ponto de partida para começarmos a ver no outro cada vez mais um pouquinho do Cristo que devemos ter em nós.

Paula said...

Iana, lendo seu texto procurei na internet e reportagem e econtrei!!
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI81503-15228,00.html

Seu blog está cada dia melhor!!

Paula

Unknown said...

Olha, concordo plenamente. O amor ao próximo e o respeito à diferença são valores que deveriam nos identificar como cristãos. É empatia, se colocar no lugar do outro, e demonstrar amor verdadeiro por ele.
Deus nos ama, e nem por isso nos impõe a sua vontade. Ele coloca diante a vida e a morte. E nos permite escolher.
Ele nos respeita. Ele nos ama.
Como diria uma amigo meu:
Tolerância, respeito, são atributos do amor.

Mari... said...

“Não perdoar é como tomar veneno e esperar que o inimigo morra"

querida, faz tempo q uma frase sobre perdão não fala tanto comigo. Só queria q vc soubesse isso...

Mari Campos said...

é isso mesmo minha amiga!

um bjo, amo-te.

Carol Monteiro said...
This comment has been removed by the author.
Ricardo Moraleida said...

Pensando nesses casos eu sempre volto a um passo em que os cristãos costumam se confundir.

O caráter é uma construção educacional do dia-a-dia. A tolerância e o respeito à diferença são exercícios diários também, e é ótimo que o cristianismo os tenha em alta conta - mas eles NÃO são invenção nem dos cristãos nem de nenhum outro grupo religioso.

E essa diferença "sutil" no jogo "Ovo X Galinha" é fundamental pra entendermos por que as pessoas agem assim em situações extremas como essa da Nigéria, ou onde quer que tenha havido violência, étnica, religiosa, racial, de gênero ou qualquer outro tipo. Esses lugares têm história e tem um povo que precisa aprender a lidar com ela - independente de sua religião.

A Alemanha talvez seja o melhor exemplo de como um estado laico lidou (por 2 vezes e continuamente) com a reconstrução da sua identidade rachada - compreendendo que os rótulos (judeus, turcos, comunistas, cristãos, arianos, negros, homossexuais, latinos, etc, etc.) são metáforas que descrevem a origem ou a orientação, mas NÃO a essência do ser humano. Interessante que a luta dos países europeus continua pela diminuição da imigração "descontrolada" e passa pelo enrijecimento constante das suas regras de fronteira, mas não mais pelo questionamento da moral ou da humanidade do outro.

Lendo seu texto, me lembrei imediatamente de um outro que li há mais tempo, também na África, dessa vez sobre o genocídio em Ruanda e as formas que o governo e a população têm de lidar com a história que eles nunca deixarão de ter: (http://su.pr/4z5UwY) - é um caso muito "menos feliz" do que o da Nigéria, mas faz só 15 anos que a coisa aconteceu, não deixo de pensar que eles estão no caminho.

beijo pra vc...

@Luciano - Teve uma época que os cristãos faziam exatamente isso que vc tá dizendo aí. Ficou conhecida como "A Grande Inquisição".

Fran Oliveira said...

Em dias de tanta intolerância em nome de religiões e deuses, o que o mundo precisa é que sejamos razoáveis e mais humanos, assim nos tornando mais parecidos com Cristo!
Seu blog acrescenta muito!
Bjo!

Olga said...

Parabéns Iana!
Tenho que dizer que gosto muito de você por meio de seu blog, mesmo sem conhecê-la pessoalmente.
Se soubesse o qto de mudança têm gerado em mim....
Olga

Cíntia Mara said...

Oi, Iana! Tudo bem?

O ecumenismo e o sincretismo podem vir de uma ação de paz se as partes envolvidas não estiverem firmadas em seu Deus o suficiente para manter as suas convicções sem entrar em guerra. Não acredito que seja o caso. Além de um ato em prol da paz na Nigéria, pode se tornar um exemplo para que as pessoas vejam no outro não um "muçulmano", um "budista", um "hindu" ou um "cristão" mas um "ser humano" antes de mais nada!

Cristãos que matam em nome de Deus estão envergonhando a verdadeira religião que é "ajudar os órfãos e as viúvas". Respeitar as diferenças permite que conheçamos e nos aproximemos do pecador e abre espali para mostrar-lhe a verdade.

Bjs

Daniel Guanaes said...

Nossa... bom demais esse post. Parabéns!
Daniel

Maria Lúcia Gontijo said...

Post lindo. Dá gosto de ler. E ainda corri para ler a matéria completa na Época.Uau! A atitude desses líderes religiosos é tão distante da nossa realidade que chegar a doer. É inacreditável pensarmos que essas pessoas foram capazes de passarem por cima da dor, da falta e do ódio em nome do amor ao próximo. Que isso sirva de exemplo, já que por muitas vezes, por tão pouco, não conseguimos se quer olhar em direção ao outro, só pq "o outro" pisou em nossos pés.

Acho que alguém já comentou isso, mas vale repetir: Seu blog está cada vez melhor.

Rachel said...

Será que algum dia ainda vou ter a honra de participar de um dos fóruns pelos direitos humanos com vc? rssrsrsrs.

Me identificam tuas palavras pq sou da logística e administração do Comitê Internacional da Cruz Vermelha em Brasília, e ainda que eu não esteja em campo, sei que estou diretamente envolvida no movimento.

E querendo ou não, a utopia é critério fundamental para prosseguir lutando. Não é mesmo?

Beijãoo!!!!!

Thais said...

Achei alguns comentários meio 'i-tolerantes'... rsrsrs. :-\

Rodrigo said...

Esse é um assunto complexo. O respeito pelas opiniões do outros, é algo que nós cristãos precisamos trabalhar mais. Muitas coisas têm mudado de uns anos pra cá, mas ainda há muito que fazer sobre isso.

Uma coisa é alguém ser odiado por ser cristão, por ter fé em Cristo, por viver um estilo de vida diferente do que o mundo está acostumado. Outra é ser odiado por fazer acusações, por apontar o dedo, por ofender a fé alheia. Sacou?

Não temos sido tolerantes como devíamos, e isso, pelo menos em minha opinião, têm causado inimizades desnecessárias (eu me coloco nesse meio). Precisamos aprender mais a conviver com os pecadores, isso não é desistir deles. Se uma pessoa não nos dá ouvidos quando lhe falamos de Cristo, vamos fazer o que? Odiá-la? Deixa-la de fora de nosso ciclo social? Não, isso não é solução. Que tal influência-la através do nosso modo de vida, ou seja, mostrar Jesus através das atitudes?

Acho que esse pastor nigeriano exerceu um bom papel de cristão ao perdoar o seu rival muçulmano, mas acredito que o fato dele ter pedido perdão, foi ainda mais crucial pra esse acordo de paz acontecer. Ele assumiu que também estava errado, deixou de ser prepotente. É um exemplo a ser seguido.

Paulinha said...

Desde semana passada Deus tem falado coisas parecidas ao meu coração. Seu post só ajudou a intensificar isso. Muito obrigada!
Que Deus continue te usando e te abençoando!
Beijos!

Priscila said...

O assunto é realmente interessante!
Mas não comentarei o post e sim um comentário dele... comentários de um blog é outro blog...rsrs

Luciano, vc lembrou bem os ensinos biblícos, Deus aborrece o pecado mas ama o pecador. Foi por isto que ele sentou pra conversar com a mulher samaritana sendo que isto na época era intolerável; foi por isto tb que entrou e ceio na casa de Zaqueu, e no caso da mulher adúltera contrariou a lei e ofereceu a ela apenas seu perdão...
Sei que devemos ter cuidado e sabedoria para não começarmos aceitar tudo com a justificativa da tolerância, mas tb não podemos nos achar palmatória do mundo.
E como já disse em outra ocasião, Jesus é o melhor exemplo sempre!

Pri

bons bordados said...

Deus as vezes deixa as situações chegarem a determinadas´proporções
para que tudo possa ser mudado, e muitas vezes começa em nós mesmos

Thaís said...

Muito bom esse post!
Li essa matéria tb e achei muito interessante.
Que possamos sempre dar exemplo como cristãos!

Parabéns pelo blog! Sou super fã dele!!

bejoos*

Ester Tambasco said...

Respeito ao outro é básico. Acho que o povo que mais se acha superior e menos respeita os outros é o "evangélico".

Marina said...

Ótimo post.

Um detalhe que dois homens que foram grandemente feridos, e ainda capazes de perdoar um ao outro. E 'nós, cristãos,' ainda com dificuldade de perdoar a um irmão que tenha pisado levemente na bola.

Ricardo Moraleida: Bem lembrado sobre o genocídio em Ruanda. Indico o filme 'Hotel in Rwanda'
http://www.imdb.com/title/tt0395169/
Sobre a história de um homem que conseguiu salvar mta gente durante o conflito.

Concordo com a Teca.

Seu blog tá tomando um rumo legal. Também mto polêmico. rs.

Keep it up!

Iana Coimbra said...

Valeu pessoal.

Algumas respostas:

Luciano: Não se preocupe. Eu não deixaria de colocar seu comentário. Valorizo a diversidade de opiniões, a não ser quando elas são desrespeitosas. Então, eu acho complicada a forma como vc coloca as coisas. Mas não vou debater a sua posição porque ao meu ver você não entendeu muito o que escrevi e acho que a fala do Moraleida foi bacana nesse sentido. De qualquer jeito, eu tb te encorajo a ler a Bíblia e aprender a não julgar. Ela traz bons ensinamentos a esse respeito. Jesus é o cara.

Mariana: Exatamente! Falou tudo. Lindo pensar dessa forma, como atributo do amor.

Mari: Sensacional, né. Por isso que digo e repito: nos colocar na pele do outro é algo completamente transformador. O perdão liberta.

Mariana: Tb te amo!

Mora: Sensacional o seu texto. Riquíssimo e de muita relevância. Me inspirou para um próximo post. ;)

Fran: Que bom saber que acrescenta!

Olga: Que bom ouvir isso!!!

Cíntia: Amei a forma como vc se colocou. Concordo plenamente.

Maria Lúcia: Muito obrigada, querida.

Rachell: Mais do que participar dos fóruns o legal é tazer para a realiade do dia a dia essas discussões. Pq isso muda a forma como as pessoas ao seu redor pensam. E se eu conseguir fazer isso no I-relevante, será a minha maior alegria. Legal saber que vc é engajada. Isso faz toda a diferença na vida. ;)

Thais: É... Mas eu creio que ninguém é um caso perdido. :)

Rodrigo: Eu acho que a coisa vai até mais longe, sabe. Nao é só o lance de não tolerar o pecado. Mas é de principalmente de não discriminar alguém por ser diferente. Judeus e árabes, brasileiros e argentinos, paulistas e nordestinos. Somos muito pequenos como cidadãos. Quanto mais como cristãos... Escreva sempre!

Pri: Sensacional.

Bons bordados: É verdade.

Thaís: Valeu! Beijo.

Teca: Infelizmente é verdade.

Marina: Valeu pelo comentário. E acho que é nesse sentido que o blog vai caminhar mesmo. ;)

Luciano said...

Leia o blog do seu colega de profissão Julio Severo:
http://juliosevero.blogspot.com/

Ele explica bem o que quis dizer.

Unknown said...

Iana graça e paz, tudo bom?

Acompanho sempre seu blog, e que Deus continue te abençoando!

Mas gostaria de te dar uma sugestão: poste alguma coisa sobre plágio! Entrei em alguns blogs, e encontrei uma pessoa que copia TODAS as suas postagens, como se ela tivesse escrevido!

Como pode uma pessoa copiar as postagens da outra, falando sobre Jesus, e agindo na mentira?

Gostaria que desse uma olhada no blog: http://marcellacalhado.wordpress.com/

Que Deus continue te abençoando!
Abraços

Iana Coimbra said...

Benjamin: Valeu pelo toque. O post novo foi sobre isso. :)