Eu sabia que o assunto era polêmico quando falei sobre Bruxelas, mas simplesmente não tinha como contar minha experiência na Bélgica sem falar desse aspecto tão frequente da Europa. E eu queria muito fazer um post sobre isso, mas um comentário me fez antecipar o meu planejamento.
Não sou contra a imigração e muito menos contra o indivíduo que se sente obrigado diante das circunstâncias da vida, ou opta por enriquecer seu currículo e vida profissional. Ou decide simplesmente mudar. Inclusive essa é uma possibilidade que eu mesma não descarto para a minha vida. Porém acredito que se uma pessoa se muda para um outro país, o mínimo que ela pode fazer é respeitar a cultura que escolheu abraçar. E isso significa aprender a língua local, obedecer as leis, os costumes e tentar, pelo menos, entender a História da região. Ao meu ver isso é cidadania.
Aqui em Paris, tão logo chegamos, aconteceu um jogo entre Argélia e Tunísia. Ficamos assustadas com a algazarra que os argelinos fizeram pela cidade. Uma bagunça ainda maior do que a que fazemos no Brasil ao final da Copa do Mundo. Só que tem um detalhe: estamos no nosso país, e não na Argentina. Na quarta a festa virou o caos. No metrô bandos pulavam, gritavam e depredavam. Depredavam um país que nem é deles! E isso sim, me irritou. Na Torre Eiffel eles fecharam parte do trânsito, deixaram as ruas imundas, agrediam as pessoas com palavras e criaram uma poluição sonora insuportável. Isso é respeitar a cultura que desejou abraçar? Creio que não.
Admiro pessoas que têm a coragem de imigrar, principalmente aquelas que o fazem por não ter outra opção na vida, como os refugiados e exilados. Inclusive adoro ouvir histórias desse tipo. Porém mudar de país para viver em guetos e não contribuir e nem absorver nada da cultura local não acho que seja a melhor solução. Porque aí a lógica se inverte. Ao invés do imigrante se adaptar a sua nova realidade, ele obriga o país para o qual se mudou se adaptar `a ele. Tipo o americano que mora na Flórida ter que falar espanhol para se comunicar em sua própria nação.
E para deixar bem claro, quando falo sobre viver em guetos não digo que o imigrante não deve se relacionar com pessoas da mesma nacionalidade ou viver em bairros afins. Até porque isso facilita o período de adaptação, que com certeza é tão difícil. A questão que eu aponto é resumir a mudança transcultural a isso. Uma mudança desse âmbito pode trazer benefícios enormes para ambos os lados, imigrantes e cidadãos, sem falar para o próprio país, mas isso depende exclusivamente de como essas questões serão trabalhadas, vividas e é claro, discutidas. Mas confesso que não acho legal a mentalidade de quem imigra apenas para “sugar” o novo país, sem a visão de agregar, somar, construir. Sem falar que também não apoio a questão da ilegalidade, seja qual for o motivo. Realmente penso que se Deus tem um propósito para a vida de uma pessoa em outro lugar, céus e terras se moverão para que o indivíduo se torne legal. É claro que existem casos especiais (quem nunca ouviu histórias incríveis de missionários na China, Índia, Paquistão, etc?), mas no geral não acho que seja uma postura correta de acordo com a Lei.
Nesse período de viagem, conhecendo e me hospedando em famílias tão incríveis, de brasileiros, letos, holandeses, finlandeses, franceses e afins, vi como o intercâmbio cultural pode ser rico se partir do ponto do respeito e da aceitação. No melhor estilo: eu respeito você e você me respeita. Eu aceito você e você me aceita. E assim um mundo de incríveis possibilidades se abre para uma riqueza inimaginável. Aliás, esse é um dos efeitos da globalização.
Isso não é uma verdade irrefutável, mas é a forma como eu tenho observado a questão da imigração há alguns anos. E sobre esse assunto eu tenho certeza que ainda há muito para se falar.