E lá se vai um banco mineiro...

Saiu nos principais jornais nas últimas semanas a aquisição do Banco Real /ABN pelo Banco Santander. Voltando a história um pouquinho a gente lembra que o Real veio de Minas Gerais, aí foi comprado pelo holandês ABN Amro Bank (que acabou mantendo a placa do Real devido à boa imagem do mesmo), e agora é adquirido pelo grupo espanhol Santander. É interessante lembrar também que o espanhol comprou há anos o paulistano Banespa, mas também optou por manter as duas bandeiras.

Mas por que estou escrevendo isso aqui? Por vários motivos. O primeiro é porque acho que os blogs têm uma função de informar, refletir, discutir o que está acontecendo no mundo. É claro que há a função recreativa também, mas pode-se extrapolar isso. Pode-se gerar conhecimento e conhecimento é poder.

Em segundo lugar, é muito interessante ver como é a dinâmica do mundo. Uma hora você compra, outra você vende. Uma hora se está no topo, outra se está por baixo. E tudo isso reforça o caráter efêmero do universo dos negócios.

Por fim, o Santander foi meu objeto de pesquisa na faculdade. Ele foi o tema da minha monografia de conclusão de curso: A Comunicação Interna no Grupo Santander: uma comparação entre o modelo brasileiro e espanhol. Como meu objetivo era identificar as diferenças e semelhanças das duas culturas, estudei a fundo todos os processos comunicacionais do banco. Foi maravilhoso. Estive na sede em São Paulo e aprendi demais. Enfim... Ao conversar com a superintendente de comunicação interna, ela me falou sobre a aquisição de outros bancos como estratégia de expansão e consolidação. E é aí que entra o Banco Real. Naquele encontro ela também me falou que eles optaram por manter a marca Banespa por cinco anos após a transação, já que o Santander era pouco conhecido no Brasil. Esses cinco anos encerram agora e a realidade do grupo espanhol é outra.

O Santander ganhou força nacional e internacional. Foram adquiridos vários outros bancos na Europa e a estratégia desenhada há anos, será consolidada agora. Os nomes dos bancos comprados irão desaparecer e somente a bandeira Santander estampará as fachadas. Logo o nome do tradicional banco mineiro desaparecerá. Será que em vinte anos alguém se lembrará do Real?

O fato é que nada acontece sem um planejamento por trás. E é muito interessante ver o que foi pensado se tornar concreto e a forma como isso afeta pessoas que estão até mesmo fora do contexto. Não estou aqui defendendo a aquisição ou analisando os efeitos que isso trará. Estou comentando o que está acontecendo no mundo hoje.

Isso é marketing, estratégia, planejamento, negócios. Isso é conhecimento se tornando prática. E isso é lindo.